Conheça as Cientistas Brasileiras Ester Cerdeira Sabino e Jaqueline Goes de Jesus que Lideraram o Sequenciamento do Novo Coronavírus
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| As cientistas Ester Cerdeira Sabino (à esq.) e Jaqueline Goes de Jesus fazem parte da equipe que fez o sequenciamento do genoma do novo coronavírus. (Foto: USP Imagens; Currículo Lattes) |
Pesquisadores do instituto Adolfo Lutz (IAL) e do Instituto
de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP), ambas instituições
públicas sediadas em São Paulo, correram contra o tempo para preparar
equipamentos e laboratório com o objetivo de sequenciar o genoma do vírus
coletado em paciente internado na capital paulista. O diagnóstico do homem de
61 anos foi confirmado na quarta-feira (26). A Equipe queria bater o recorde
sequenciamento o vírus em 24h, mas infelizmente só conseguiu em 48h. o estudo ajudará
no desenvolvimento de vacinas.
As duas cientistas Ester Cerdeira Sabino e Jaqueline Goes de
Jesus tiveram um papel essencial no sequenciamento do novo coronavírus,
que teve primeiro caso na América Latina confirmado em 26 de fevereiro.
Publicado em uma rapidez surpreendente – apenas dois dias após a verificação do
primeiro paciente com a doença no Brasil –, o estudo que elas conduziram ao
lado de outros pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz (IAL), da Universidade de
Oxford e do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo
(IMT-USP) ajudará epidemiologistas, virologistas e especialistas em saúde
pública a desenvolverem vacinas e testes diagnósticos.
Uma das pesquisadoras envolvidas no estudo é Ester Sabino,
diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP e coordenadora do
Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e
Epidemiologia de Arbovírus (CADDE), que é apoiado pela Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de S. Paulo (Fapesp) e pelos britânicos Medical Research
Council e Fundo Newton. A intenção do CADDE é reunir cientistas para realizar
estudos em tempo real de epidemias de arboviroses, como é o caso da zika e da
dengue. “A proposta é realmente ajudar os serviços de saúde e não apenas
publicar as informações meses depois que o problema ocorreu”, explicou Sabino
à Agência FAPESP.
Jaqueline Goes de Jesus, graduada pela Escola Bahiana de
Medicina e Saúde Pública da Bahia e doutora em Patologia Humana, Jaqueline é
bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) e faz parte do
Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e
Epidemiologia de Arbovírus (CADDE). Jaqueline lidera a equipe que faz o
sequenciamento do genoma viral ao lado de Claudio Tavares Sacchi, responsável
pelo Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz. A cientista desenvolve
pesquisas na área de arboviroses emergentes e faz parte do ZiBRA Project – Zika
in Brazil Real Time Analysis, um projeto itinerante de mapeamento genômico do
vírus Zika no Brasil. Durante seu doutorado, ela contribuiu para o
aprimoramento de protocolos de sequenciamento de genomas completos pela
tecnologia de nanoporos dos vírus Zika e HIV.
A pesquisa sobre o novo coronavírus de que Sabino e Góes de
Jesus participaram determinou a sequência completa do genoma viral encontrado
no Brasil, que foi chamado de SARS-CoV-2. Ela foi divulgada no fórum de
discussão Virological.org. “Ao sequenciar o genoma do vírus, ficamos mais
perto de saber a origem da epidemia”, aponta Sabino.
Embora outros países tenham levado cerca de duas semanas
para fazer o sequenciamento do coronavírus, a pesquisa brasileira foi concluída
em dois dias; os cientistas já previam que, cedo ou tarde, a doença chegaria
aqui.
A sequência analisada no Brasil apresenta diferenças em
relação ao genoma identificado em Wuhan, o epicentro da epidemia na China.
Porém, ela se aproxima das amostras do coronavírus observadas na Alemanha no
final de janeiro deste ano. “Esse é um vírus que sofre poucas mutações: em
média uma por mês. Por esse motivo, não adianta sequenciar trecho pequenos do
genoma. Para entender como está ocorrendo a disseminação e como o vírus está
evoluindo, é preciso mapear o genoma completo”, explicou Sabino à Agência
Fapesp.
Em entrevista ao site G1, Goes de Jesus também
observou: “Alguns vírus são mais estáveis e outros, como os respiratórios,
acabam mutando muito. É o que acontece com o vírus da gripe: todo ano a gente
tem uma vacina nova, porque há muitas mutações”.
Fonte: Revista Galileu

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